segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Mountain Do Praia do Rosa

A loucura não tem fim. A correria também não. Sábado aconteceu o Mountain Do Praia do Rosa, minha primeira corrida de aventura (que é como chamam) sozinho, tipo eu comigo mesmo. Distância ínfima, só 18 km em dunas, trilhas, areia da praia, mar. Nada que não fosse esperado, mas que sempre consegue surpreender. Correr na praia no inverno não é a melhor das ideias. Se no dia da prova ainda tem muito vento, temos a combinação perfeita pra passar frio. Menos mal que tinha sol, o que amenizou um pouco o congelamento iminente dos ossos.

É lógico que o idiota aqui resolveu correr de regata. Pensou: "ah, daqui a pouco esquenta, não tem problema". Pior pensamento. O começo foi, de certa forma, tranquilo. Foram 2 km até chegar às dunas e ali que a coisa começou a tomar sua forma mais desagradável. Subir as dunas foi muito ruim. Descer é mais legal, apesar do medo de sair rolando. Nas dunas, perdi contato com alguns corredores. Para minha surpresa, encontrei todos em seguida. Havia uma subida, um caminho apenas, bem estreito. Formou-se uma grande fila pra subir, todos andando e esperando. Alguns minutos perdidos.

Aí tudo continuou como deveria, sofrendo nas trilhas e nas areias. As dunas acabaram, veio um pequeno trecho de estrada de chão, suficiente para eu ser ultrapassado por mais alguns corredores, e começou uma trilha bem inconveniente. Galhos e pedras no caminho, alguns tropeços. Tudo, digamos, tranquilo. Mais na frente, parou tudo novamente. Uma subida muito inclinada no meio do mato e todo mundo andando. Mais alguns minutos esperando. A parte boa é que consegui tomar água e descansar um pouco.

Teve tantas trilhas e praias e água gelada do mar que nem sei descrever. O que sei é que no meio do mato meu GPS teve alguns problemas. Eu sabia que estava marcando a distância a menor, mas mesmo assim foi assustador sair na praia e perceber que só tinha corrido metade do percurso. Parecia que eu tinha ficado uma eternidade naquelas trilhas, tipo uns 10 km. Pura ilusão. Nessas alturas, o tênis já tava todo sujo de lama e pouco me importei de correr na água da praia. Era uma forma de limpar um pouco o pisante.

O percurso que passava pela praia foi o pior, porque juntava a água fria do mar com um vento cortante. Quase não senti minhas mãos. Falando nisso, a água oferecida pela organização estava MUITO gelada. Esse ponto deve ser elogiado, mas, no frio de sábado, essa água quase congelou minhas mãos. Talvez seja um pouco de frescura de um sujeito que foi correr de regata. Mas tava frio. Pelo menos a sede foi saciada. Aí acaba a praia e tem uma escada com uns 20 degraus pra subir. Cadê força? Subi andando.

Em corridas de aventura, nunca dá pra pensar que o pior já passou. Sempre pode piorar. Mais uma trilhas e pedras e, de repente, uma subida ignorantemente enorme. Não acabava nunca. Que agonia. O GPS marcou 121 metros de altitude na distância de 1 km. Coisa de louco. Tudo que sobe tem que descer. E desceu. Que descida! Em grama. Não tinha mais fim. Meus joelhos nem aguentavam mais tanta descida. Perder o controle no declive é a pior coisa que pode acontecer. Fui todo atrapalhado, quase caindo.

Quase não acreditei quando acabei a última trilha. Teve o lado ruim. Ainda faltavam alguns quilômetros de estrada de chão. Dos males, o menos pior. O importante foi continuar até o fim. Meio correndo, meio andando, meio se arrastando. É, a conta dos meios não fecha um inteiro, mas acho que todos entenderam. 18 km e 2h16m55s depois, cheguei. Dolorido, sem pernas e sem joelhos. Tudo dentro do planejado. Bem contente e feliz. Ainda ganhei uma toalha e tinha muitas frutas e Gatorade. Organização da prova perfeita.

Me perguntaram qual foi a melhor parte da corrida. Eu sinceramente não sabia responder. Gostei de tudo. Beleza natural impressionante. Também me perguntaram qual foi a parte mais difícil. Também não consegui responder. Foi tudo difícil. Caí duas vezes, uma delas na lama, ganhei alguns arranhões, um espinho na minha mão, vários tropeços em galhos e pedras e um tênis muito sujo. Tudo que tem que acontecer com quem participa do Mountain Do. Só posso dizer uma coisa: tem oportunidade? Corra um Mountain Do. Não há hipótese de se arrepender.

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Ler também é um exercício. Exercício lembra corrida e já escrevi demais aqui. Fui correr!

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