terça-feira, 19 de junho de 2012

Meia Maratona de Floripa

É possível fazer seu recorde pessoal e a prova ser um fracasso? Respondo: sim, é possível. Aconteceu comigo na Meia de Floripa. O objetivo era correr abaixo de 1:45:00. Sinceramente, achei que seria mais tranquilo do que se mostrou durante a corrida. O recorde perfeito que eu queria não veio. Fiz 1:46:39, muito insatisfeito. Melhorar o tempo é sempre bom, mas, nesse caso, ficou em segundo plano devido ao objetivo não alcançado.

O pior de tudo é que eu cheguei completamente morto e exausto. Todo dolorido. Só depois da Maratona de Santa Catarina senti tantas dores nas pernas. Não é aquela dor de lesão, é só cansaço. Normal até, mas fazia tempo que não terminava uma corrida assim. Percebi aí que correr 21 km forte não é fácil. Nos treinos longos para a maratona, passo os 21 km bem tranquilo, sem cansaço, mas com o tempo acima de 1:50:00. Eis a diferença, certamente.

Pensei o que fiz de errado nos 21 km para não conseguir o tempo. Não é nem desculpa. Pode até ser, mas não é. Fui no limite do que dava. Sprint final? Esquece. Olhei para o Garmin e vi que o 1:45:00 tinha ficado para trás. Nem tentei correr mais rápido. Pensei nas próximas meias. Sabia que iria fazer um novo recorde, quase 3 minutos a menos. Então nem forcei. Os segundos não importavam mais, tanto fazia terminar com 36 ou 20. Dava na mesma.

O principal erro, na minha avaliação, foi sair forte demais. Mais forte do que eu pretendia. O ritmo a ser mantido era entre 4:50 e 4:59. Na empolgação da largada, fiz o que não se deve fazer. 1º km a 4:34 e 2º km a 4:39. Já tinha 47 segundos abaixo do pretendido. Meu plano era chegar no 21º km entre 1'30'' a 2'00'' abaixo do pace de 5:00. Assim teria tempo para completar os metros finais do percurso com bastante folga.

Meu corpo sentiu que estava errado. As pernas ligaram o sinal de alerta. O que aconteceu? Minha canela começou a doer. Sabia que a dor era por causa do ritmo forte. Já me aconteceu outras vezes. Quando saio muito rápido, ela reclama. O ideal é aumentar o ritmo gradativamente, aquecer antes, durante a corrida mesmo. Não foi o que eu fiz. Logo, dor. Assim foi até o 5º km. Depois, entramos na Beira Mar e o ritmo raramente ficou abaixo os 5:00 min/km.

Ali eu sabia que as pernas não iam aguentar, já estavam cansadas. A dor na canela passou, mas, enquanto durou, tirou mais um pouco das energias. Controlava mentalmente quantos segundos estava abaixo dos 5:00. Piorava a cada quilômetro. Na volta do percurso, talvez por encontrar vários conhecidos do outro lado, o ritmo aumentou. Nada de expecional, mas melhorou. Continuava controlando o pace e vendo que estava cada vez mais difícil.

Lá pelo km 14, 15, senti que não sentiria por muito mais tempo as pernas. O cansaço estava se manifestando mais acentuadamente. A vontade de parar existia, mas era incogitável. Parar seria um fracasso maior do que não fazer o 1:45:00. A cada quilômetro, o pace aumentava mais alguns segundos. Ainda tinha uma mínima esperança. Quando chegou a vez de voltar pela ponte, a esperança não foi comigo. Ficou antes, pelo caminho.

A subida da ponte foi para matar. Depois de 17 km, ainda tinha uma subida que não terminava nunca. Ali foi o ponto final do sonho. Faltavam 3 km e minhas pernas não se importariam em parar. Estava tudo muito ruim. Eram só 3 km. Tinha que ir do jeito que dava. Tentei me animar, mas não dava mais. Até o sprint final, como falei mais para cima, ficou de lado. Estava só esperando o portal de chegada. Em ritmo moderado, terminei a prova.

Passou só o tempo de chegar a tirar o chip e pegar a medalha para eu ter a noção real da situação. Estava doendo todo e qualquer lugar das pernas, principalmente as coxas. A dor passou o domingo e a segunda-feira comigo. Está diminuindo lentamente. Senti-me como um time que joga em casa, estádio lotado, todas as condições de obter um ótimo resultado e leva dois gols nos últimos minutos. Essa foi minha participação na Meia de Floripa.

Não foi ruim, mas não foi bom também. Esperava fazer um texto em tom mais entusiasmado. Ainda não dá. Nem o recorde pessoal me animou. Rever estratégias e treinar mais. Não há outra opção. Acho que é a primeira vez que não fico tão contente com um recorde pessoal. A organização da prova foi perfeita. Não faltou nada. Só me faltaram pernas. Continuarei em busca do sub 1:45:00. Espero conseguir em uma próxima meia maratona.

2 comentários:

  1. Poxa Ênio, apesar de não ter sido uma prova perfeita pra vc, achei teu tempo muito bom. O importante é seguir em frente, sempre evoluindo. Não se cobre tanto!

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  2. Ênio, sua meia maratona foi excelente. Tem mais é que comemorar. No começo os avanços que conseguimos ter nas melhoras de tempo são grandes, mas conforme você vai chegando perto do seu limite, esses avanços são em menor ritmo. Eu agora já estou brigando por segundos...rs. (1 seg !!!). O importante é não parar que as evoluções vão acontecendo. Parabéns !!!

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Ler também é um exercício. Exercício lembra corrida e já escrevi demais aqui. Fui correr!

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