Pois bem. Sobre a maratona em si. O planejado sempre foi chegar em Porto Alegre e fazer o sub 4 horas na maratona dita mais rápida do Brasil, praticamente toda plana. Cheguei, corri e fiz. Para quem não quiser ler tudo, o tempo foi de 3h59'41'' e consegui o desejado sub 4 horas. Fomos, eu e o Eduardo, de avião, sábado à tarde para Porto Alegre. Chegamos no aeroporto e havia staffs com plaquinhas da maratona, que nos levaram para a van da organização. A van no deixou na retirada do kit e depois no hotel. Diria que foi impecável.
A organização e tudo que envolveu o antes, durante e depois da prova foram excelentes. Nada a reclamar. Sábado à noite comemos massa (nem sei mais se isso realmente ajuda ou não, mas foi mais por rotina e manter o padrão de sempre). Domingo, era bem cedo e frio e estávamos de pé. Sem o vento da noite anterior, mas com o clima frio, coisa de 10, 11 graus. Para correr, perfeito. Até começar, nem tanto. A largada foi extremamente pontual. A dos homens foi até 5 segundos antes. Mais um ponto positivo para a organização.
Dividi a maratona em 8 partes de 5 km. Em cada parte, o objetivo era manter o pace de 5'37'', o que dá 44'56'', o popular 45 minutos. Fui fazendo as contas mentalmente e consegui ser constante até o km 34. Depois, o ritmo caiu. Dor nos dedos do pé esquerdo e cansaço acumulado nas pernas foram os fatores que identifiquei, mais a dor do que o cansaço das pernas. Ainda fechei a sétima parte abaixo do tempo, mas já sabendo que os últimos 5 km da divisão ficariam acima. E, logicamente, ainda tinha mais 2 quilômetros e 200 metros para terminar.
Nas minhas contas, sabia que o Garmin marcaria um pouco a mais. Era normal e esperado. Nunca vai ser preciso. No km 30, já havia percebido que a distância entre o apito do relógio e as placas da organização estavam distantes. Nesse momento, já comecei a olhar o meu tempo de cada quilômetro quando passava pelas marcações. Passei os 32 km com 3 horas e alguns segundos. Ainda tinha uns 59 minutos para 10 km. Seria muito tranquilo se não fossem os quilômetros finais de uma maratona. A partir do km 34, comecei a controlar ainda mais.
O ritmo caiu, mas, lembro bem, ficou entre 5'44 e 5'50''. Era acima dos 5'37'' planejados, mas abaixo da média de 6 min/km. Os segundos que ganhei até o 34º km me deram alguma margem. Então, rodando abaixo de 6 min/km, ainda tive alguns segundos para me ajudar no objetivo final. Passei o km 35, da marcação da organização, com 3h17' ou quase isso. 42 minutos em 7 km era bem possível, mas nunca esquecendo dos 200 metros finais. Já tinha percebido que ia ser no limite dos limites jamais imaginados antes da corrida começar.
Fazendo meus 5'50'' ou pouco menos por volta, fui aumentando essa margem. Passei o km 40 com 3h47', aproximadamente. Minha memória não é tão boa (até por isso uso Garmin). Sabia que não poderia caminhar um pouco para aliviar a dor chata dos dedos, nem diminuir muito o ritmo. Estava tudo contadinho. Quando a placa de 42 km foi deixada para trás, o relógio marcava 3h58' e uns segundos indesejados. Eram quase 200 metros. Em treino de tiro é fácil, na maratona não. Acelerei o que deu, controlando o relógio, até perceber faria o sub 4 horas.
O tempo bruto foi de 4h01'39''. No líquido, bem controladinho que estava, foi no limite: 3h59'41''. No fim, pensando bem, nem precisava ter acelerado na reta final. Porém, nunca é bom contar com o ovo na cloaca da galinha. No Garmin deu 38 segundos. Deve ter a ver com o fato de eu ter demorado para ligá-lo na largada. 42,195 metros depois, o novo recorde apareceu. E SUB 4 HORAS. O recorde já estava batido, não teria problemas com ele, mas um recorde de quatro horas e um segundo me deixaria bem decepcionado. Felizmente, deu tudo certo.
Imagina se eu tivesse as parciais do Garmin, o textão que ficaria. Sem informações precisas, acabei exagerando nas letrinas. Bom, para finalizar. No km 25, perdi uns 50 segundos no banheiro, fazendo xixi. A bexiga estava cheia e incomodando desde o 9º km. Não atrapalhou no ritmo, mas no psicológico. Até tentei fazer nas calças mesmo, correndo, mas não saiu nada. Descobri que não consigo fazer xixi ao mesmo tempo que corro. Nem com a bexiga cheia. O km 25 foi meu quilômetro mais devagar e único acima de 6 (6'20'') em toda a maratona.
O resumo de tudo é: exceto nos 50 segundos que parei para urinar, corri o tempo todo e não teria nenhum quilômetro acima de 6 min/km se não fosse a parada no banheiro. O sub 4 horas veio. Fiquei MUITO contente e até meio emocionado. Os treinos, feitos por mim mesmo, deram certo. De um jeito ou de outro, acertei em alguma coisa. Ou não fiz tanta coisa errada. Maratona é sofrida, mas eu gosto. Próximo objetivo é correr o tempo todo mesmo, sem parar no banheiro, e tentar bater o novo recorde estabelecido. Acho que uns 3h58' é bem possível.
Para não falar só de mim, antes de terminar, cabe registrar os feitos dos amigos na maratona. O Eduardo fez o sub 4 horas também (3h52'39''), o José Carlos fez uma das suas melhores maratonas com um ótimo tempo (4h11'39'') e o Eduardo Legal fez um baita tempo e seu novo recorde (3h37'29''). Miguel Nakajima, ouvinte do POR FALAR EM CORRIDA, também correu. Só não sei se o tempo dele foi o planejado. De qualquer forma, para mim parece bom (3h44'04''). Parabéns para eles e para mim. Mais informações, no POR FALAR EM CORRIDA.
Enio,
ResponderExcluirTenho acompanhado seu blog, que tomei conhecimento a partir de outros blogs (também de corredores de Floripa: Eduardo e Helena) e a partir do podcast Por falar em corrida.
Sou de Campinas/SP e gosto de acompanhar blogs de corredores do mundo afora (especialmente do Brasil), como uma maneira de criar uma corrente de incentivo e aprender com aqueles que estão a mais tempo na pista.
Muito bacana o relato que você publicou. Fazer uma maratona em sub 4 horas é uma grande conquista. Eu recentemente estreei na meia maratona (24/3), e consegui um sub 2 horas (1h56'15"). Foi algo emocionante e que me estimulou a continuar treinando cada vez mais e superando novos desafios. Meu próximo objetivo é fazer sub 1h50' na Golden 4 Asics SP.
E, para o médio e longo prazo, o objetivo é adquirir volume e rodagem com a meia maratona para poder estrear na maratona. Minha intenção é justamente estrear na de Porto Alegre, pelos motivos que você citou no seu post (ou, se não der, outra opção seria a do Rio).
Por esse motivo, acho sempre muito bacana aproveitar as dicas e os relatos daqueles que participaram dessa prova.
Já estou assinando/seguindo seu blog, e acompanhando todos os posts.
Grande abraço.
Brunno - http://movidoaendorfina.wordpress.com
Parabéns!
ResponderExcluirMelhorando sua dieta :) e refinando os treinos, acho que você consegue bem melhor do que 3h58. Mas é bom ser modesto.
Abraços,
Adolfo
http://professoradolfo.blogspot.com.br/
Enio,
ResponderExcluirQue legal o seu relato da prova. Imagina com os dados oficiais a mão. Sua prova foi muito boa e gostei de saber que a estrutura do evento não deixou nada a desejar. Mostra que a Maratona de Porto Alegre pode/deve ser o sonho de muitos corredores.
Fiquei feliz com resultado dos outros corredores também. Todos evoluindo na corrida. Muito legal. Parabéns a todos!!!
abraços
Helena
correndodebemcomavida.blogspot.com
@Correndodebem
Caramba, imagina se você não tivesse perdido os dados...rs. Mais completo que isso ??!!! Fico muito contente que os seus treinamentos persistentes tenham funcionado muito bem. Valeu a pena todo o esforço. Conseguistes um resultado excelente e o melhor, sub-4hs. Eu sei bem como é a alegria dessa conquista. Temos mais é que curtir mesmo. Tem gente que até consegue apagar o resultado do garmin de tanta felicidade...rs. Mas o importante é que deu tudo certo pra todos que foram, e todos chegaram muito bem. Ano que vem queremos mais. Valeu e parabéns !!!
ResponderExcluirMuito legal o seu relato da Maratona de Poa que é umas das melhores do Brasil pra se bater tempo.
ResponderExcluirOla Enio,
ResponderExcluirParabéns pelo sub 4h! Muito bom.
Bons treinos.
Abracos.